Treinar elevadíssimo desempenho mental para vencer como atletas de alta competição

 

As técnicas mentais não se baseiam em esotérica, mas em investigação neurológica. Os devidos exercícios podem programar o nosso cérebro para vencer – como nos atletas de alta competição.

Podemos aumentar o nosso sucesso na vida profissional com os métodos do treino mental de atletas de alta competição. Seja para ganhar um projecto, realizar um exame ou trabalho complexo, ou aumentar a taxa de sucesso em negociações, as técnicas deste treino mental permitem-nos estar melhor preparados para as nossas acções e aumentar a nossa eficiência mental.

Nascemos como vencedores? Certamente, que não. Existem talentos que facilitam atingir um elevadíssimo desempenho? Certamente, que sim. Um talento fundamental é a resistência mental, que caracteriza todos os atletas de alta competição. Apenas há poucos anos, os cientistas dedicam-se à investigação deste fenómeno, em particular os psicólogos na área de desporto, para entender e desenvolver técnicas específicas de treino.

Estudos recentes revelaram que a resistência mental, tal como outras características, é herdada em 50%. Portanto, existe um grande potencial que pode ser explorado por educação, experiência e empenho. Isso significa, que podem aprender e aperfeiçoar a capacidade de debitar, no momento certo ou quando exigido, um elevado desempenho.

 

Os Quatro C

A meta de cada treino mental são os “quatro C”:

  • Control: termos a certeza que podemos controlar os nossos sentimentos e, em geral, influenciar os acontecimentos da vida e termos o controlo sobre os mesmos.
  • Commitment: a disposição de desempenho total em tudo o que fazemos.
  • Challenge: a capacidade de aceitar novas tarefas e desafios como oportunidade para evoluir e progredir, e não como ameaça.
  • Confidence: uma confiança fortíssima nas nossas capacidades e autoconfiança a liderar com outras pessoas.

 

Evidentemente, mesmo uma pessoa do tipo ”vencedor” duvida às vezes das suas capacidades ou, simplesmente está esgotada. Nestes casos, as mesmas estratégias fortalecedoras podem ajudar a recuperar e a orientar-se pelo objectivo.

Essas estratégias aproveitam poucas, mas características fundamentais do nosso cérebro. As ligações entre os neurónios do nosso cérebro desenvolvem e alteram-se consoante a intensidade das nossas experiências, uma forma de aprendizagem. A intensidade depende do nível de emoção de uma experiência ou quantidade de repetições.

As crianças aprendem com os sustos que apanham evitar objectos de perigo, por exemplo, ao queimarem-se num ferro de engomar. Através de repetição, um músico aprende a dominar um instrumento. Os atletas aprendem a dominar o seu corpo através de “gravação” de sequências de movimentos no cérebro, à semelhança de um programa informático, e executar essa rotina automaticamente quando necessário. O treino permite-nos igualmente controlar internamente as nossas emoções e sentimentos. Aprendemos sucessivamente controlar e dirigir o enorme e infinito fluxo de sentimentos do centro do nosso cérebro.

Especialmente na área atrás da nossa testa encontram-se as secçções  responsáveis que ponderam e moderam as sensações e percepções com as nossas experiências e consciência. Consequentemente, são identificadas e iniciadas as acções pertinentes. Quanto mais frequente, e por isso familiarizada uma situação, mais automatizada e auto-confiante é a nossa reacção. Um comportamento “robotizado” é considerado em certas circunstâncias como negativo. Mas nem sempre as “soluções completas” nas nossas cabeças apresentam desvantagens. Por exemplo, um dançarino que primeiro tem de pensar sobre o seu próximo passo, certamente atrapalha-se.

 

Atingir os “Quatro C’s”

Aqui as três principais técnicas de atletas de alta competição para atingir os “Quatro C’s”:

 

Relaxamento moderado

O stress impede seguramente um desempenho elevado, tal como a absoluta calma. Portanto, o objectivo é encontrar o nível equilibrado de tensão. Isso começa por escutar atentamente os sinais interiores, por exemplo músculos tesos na área da nuca. Exercício físico regular ou massagens podem favorecer o relaxamento. O Treino Autogéneo , Yoga ou o Relaxamento Progressivo de Musculatura são as técnicas mais aplicadas. Esses métodos treinam igualmente a concentração. Também aqui aplica-se o mesmo conceito: quem está “tenso”, não está realmente concentrado. Os exercícios de algumas formas de meditação aumentam a capacidade de estarmos atentos e favorecem uma descontracção interior.

Antes de um evento deve-se procurar um local isolado, relaxar e prestar atenção à respiração. Saiba que em estado relaxado respiramos pela barriga.

Mesmo durante o trabalho conseguimos recuperar melhor a concentração após um passeio ao ar livre ou mesmo, embora pouco aceite por chefes e colegas, dormir uma hora no escritório, do que “brincar” com o computador e fingir que estamos a trabalhar.

 

Desenvolver automatismos

Muitos psicólogos apostam no efeito positivo do treino imaginativo. O nosso cérebro não distingue muito bem entre uma situação na nossa vida real ou imaginada. Podemos aprender previamente muitas situações simplesmente através de pura aprendizagem na nossa imaginação. Quando a situação ocorrer na realidade, o processo é executado tal como imaginado e mentalmente treinado. Os cirurgiões, que simulam mentalmente os passos de uma intervenção de elevada complexidade, dominam os passos de operação incomparavelmente melhor do que os colegas que os enfrentam esta operação pela primeira vez na sala de operação e sem treino mental. Fundamental é a memorização pormenorizada de todos os passos e actividades. O intensivo e duro treino imaginativo nada tem em comum com “sonhar de olhos abertos”. Trata-se de “praticar” repetidamente. Apenas isso fortalece as ligações dos nossos neurónios.

 

Auto-Encorajamento

As auto-conversas são uma ferramenta importantíssima. “Hoje entro com optimismo e determinação nesta reunião, estou bem preparado, conheço todos os argumentos e sei que vou atingir os meus objectivos.” O nosso cérebro ouve mesmo que estamos a “dizer”.

Eventualmente conhece situações em que estamos presos numa espiral de pensamentos de pânico. Pense positivo e nos seus objectivos em vez de tentar escapar ao indesejável. Recorde-se das suas experiências positivas e ganhe coragem para ultrapassar novas situações. Os psicólogos conhecem o efeito ganhador: quanto mais já conseguimos algo, mais elevada a probabilidade de conseguiremos isso numa próxima vez.

Para isso, as nossas metas devem ser alcançáveis e os passos suficientemente pequenos para serem realizáveis. Depois, com a auto-confiança reforçada, procedemos ao próximo passo.

Com paciência e treino conseguimos atingir muito mais além do que imaginamos. O psicólogo holandês Nico Frijda, um pioneiro na investigação emocional, explica que existe uma ligação muito forte entre as nossas emoções e acções. Quem quer definir as suas atitudes, tem primeiro de controlar os seus sentimentos.

 

Fonte: Revista Stern N.º 30 / 2007